The walking dead impressões
A narrativa sempre foi um dos pontos mais importantes para mim dentro da composição de um bom game. Quando falo em narrativa, não digo apenas no que é falado entre os personagens, mas todo o contexto interativo e/ou apenas ilustrativo que compõe um game. Esse contexto em específico, quando bem trabalhado, promove uma imersão única do jogador naquele universo.
Sabe aquela sensação de você realmente “encarnar” o protagonista e “sentir” as mesmas aflições e conflitos que ele sente? Aquela coisa de ter medo de errar, ou de abrir a próxima porta ou de respirar fundo antes de pular de um prédio? Desde minha breve experiência traumática, no entanto, bastante imersiva com Amnesia: The Dark Descendant – fazia tempo em que eu não me “sentia” parte de um game realmente.
Sangue novo para o gênero zumbi
Há tempos venho observando o desenrolar do jogo The Walking Dead, da desenvolvedora Telltale, que é baseado na HQ de mesmo nome criada por Robert Kirkman. O título tem uma abordagem bem diferente do que estamos acostumados a ver no que se refere ao gênero zumbi (que de tanto jogo que existe do tipo, acho que acabou virando um gênero mesmo).

Assim como os outros títulos da desenvolvedora, The Walking Dead é um point and click onde as ações e acontecimentos são diretamente determinadas por escolhas, com leve exploração do ambiente objetivando resolver alguns puzzles. O jogo está, atualmente, no seu quinto episódio e já com o sexto confirmado – numa segunda temporada. Tudo o que você decide (ou omite) fazer terá uma consequência direta no decorrer da trama e, a não ser que você comece um episódio todo novamente, não é possível voltar atrás numa decisão. É aquela sensação de “tenho que tomar uma decisão e não poderei voltar atrás”.
Personagens marcantes, história envolvente
O grande diferencial desse título, em relação às centenas de outros jogos de zumbi, é o apelo quase que exclusivo a questão “tentar sobreviver aos vivos”. Isso porque os maiores inimigos neste caso, não são os mortos – mas sim os que ainda sobrevivem num cenário apocalíptico e farão de tudo (tudo mesmo, se for necessário) para permanecerem vivos.
Dentre as milhões de possibilidades de histórias diferentes com a mesma abordagem, você irá se deparar com o drama do protagonista Lee e sua tentativa sobre-humana de manter a salvo a pequena Clementine. Ao longo deste caminho, o jogador (sempre no controle de Lee) conhecerá outros sobreviventes, dos quais terá que decidir se valerá à pena ou não confiar neles (ou se será seguro) e terá que tomar decisões difíceis por vezes – como decidir em pouquíssimos segundos quem salvar de uma determinada situação ou se irá matar ou não alguém.

Todas as suas ações deverão ser tomadas num curto espaço de tempo. A cada nova pergunta de algum personagem a você, ou a cada nova situação extrema, o jogo mostrará um contador de tempo para sua resposta (ou atitude) – e que irá variar de velocidade de acordo com o calor do momento. Ou seja, você não vai ter meia hora para decidir se irá pular ou não de um telhado a outro de um prédio para fugir de zumbis que acabaram te encurralando, por exemplo.
Falando mais um pouco dos personagens e, mesmo com o fato do título apresentar um visual cartunesco (um pouco no estilo visual de Borderlands), nota-se claramente as emoções das pessoas em suas expressões faciais e se elas estão felizes com você ou mentindo, por exemplo. A forma com que Lee trata os que estão em sua volta (ajudando, brigando, fugindo…) é lembrada por eles e poderá ser usada em seu favor, ou contra o seu personagem, quando menos se esperar. Outro aspecto importante de se falar é em relação à excelente qualidade da dublagem e a emoção passada pelos atores no momento certo de cada cena.
Por que vale a pena jogar?
O gameplay estilo “apontar e clicar” nem sempre é visto com bons olhos ou com muito entusiasmo aos acostumados a “apontar e atirar”, ou “apontar e esquartejar”. O que quero dizer é que, geralmente, o jogador que está acostumado com títulos de ação desenfreada – com muitos tiros e várias armas – talvez não ache a ideia de um jogo mais focado em diálogos e decisões interessante.

Os personagens (mesmo os antagonistas) são muito bem trabalhados e a ligação paternal entre Lee e Clementine quase arranca lágrimas ao final do quinto episódio. Esse foi um dos raros jogos em que terminei e fiquei por um bom tempo refletindo sobre tudo o que aconteceu, e se eu faria realmente as mesmas coisas que decidi para Lee fazer. Acredito, e isso é uma visão bem particular, que cada um que jogar (pelo menos da primeira vez) irá dar ao game muito da sua própria personalidade nas decisões e isso é o que torna este título ainda mais estimulante e inesquecível. Quem venha o episódio 6!
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